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Economia Circular

O que nós temos a ver com isso?

Roberto Tahan
Engenheiro Quimico, MBA, Black Belt
CEO da Tahan Consultoria

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A economia circular é uma forma de pensarmos estrategicamente a relação entre nossos hábitos de consumo com os efeitos causados no planeta. Aproximadamente 240 anos atrás, Lavoisier cunhou a célebre frase que na natureza, “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Porém, há apenas 50 anos é que começaram os primeiros esforços formais para reciclar materiais devido ao aumento do lixo gerado pela industrialização e a conscientização de que as fontes de petróleo e outras matérias-primas não renováveis estavam se esgotando.

Imaginem uma conta no banco em que a cada mês as retiradas para consumos são maiores do que os depósitos. Seguramente, não haverá mais saldo depois de certo tempo. Assim é o lugar que vivemos. O planeta Terra é imenso, mas não é infinito. Todos os dias, consumimos matérias primas que são retirados da natureza e que não devolvemos na mesma proporção como biomassa, energia fóssil, minerais e metais. Atualmente, a população global está perto de 8 bilhões e estima-se que em 2050 serão 10 bilhões. Se hoje, estamos em débito, imagina daqui a trinta anos.

Grandes empresas, sobre o pilar do ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), que são usadas para medir as práticas ambientais, sociais e de governança corporativa, adotam a economia circular em suas políticas para tomadas de decisões em investimentos de sustentabilidade.

Além de grandes empresas, também governos, fundações e ONGs estão empenhadas em estabelecer o conceito de Economia Circular.

Atualmente, nossa economia ainda é baseada no conceito linear, ou seja, extrair a matéria prima do planeta, fabricar bens, consumir os bens e mandar para o lixo.

A economia circular é uma alternativa que busca redefinir a noção de crescimento, utilizando ou eliminando a extração de matéria prima da natureza. O lixo não existe. O fluxo é circular, ou seja, os bens que consumimos devem ser reciclados, reusados, consertados e voltados a sua matéria prima de origem antes de descartar na natureza.

Outra maneira de entendermos a circularidade é imaginar uma floresta, onde um macaco que come uma maça pela metade e a joga no chão, não jogou no lixo, mas abriu uma oportunidade para animais terrestres, possam comer. Depois, pedaços menores vão ser comidos por seres vivos menores, e assim por diante. Os próprios animais morrem e servem de alimentos para outros seres vivos, que em algum momento se transformam em elementos químicos. A água evapora e volta à terra sob forma de chuva. Assim é a natureza, um perfeito ecossistema circular natural que retroalimenta toda a biosfera.

Por outro lado, não é verdade dizer que hoje a economia é somente linear. Já existe um esforço significativo da população em ações, principalmente, de reciclar. Pesquisas indicam que 80% da população mundial pagariam mais por um produto amigável à natureza, mas, as mesmas pesquisas apontam que somente 20% efetivamente agem nessa direção. Mas, isso está mudando rapidamente.

Quando você empresta um livro a um amigo que estava prestes a comprar o mesmo título numa livraria, na prática, você acabou de evitar que um pequeno pedaço de árvore seja usado. Mesma situação acontece quando você doa aquela roupa de bebê que já está pequena para seu filho ou filha, mas é perfeita para o bebê recém-nascido de algum conhecido. Na economia circular, chamamos isso de Compartilhamento de recursos.

A pilha usada que devolvemos em pontos de coleta são enviados para os fabricantes ou entidades independentes que a reciclam como matéria prima para a fabricação de fogos de artifício, pisos cerâmicos, tintas e vidros. Também acontece com os pneus que são retornados e que torna viável sua recuperação por processo de trituração e picotagem, na qual será utilizada como matéria prima para fabricação de solados de sapatos, borracha para vedação, peças de reposição para indústria automobilística e até em asfaltos. Várias empresas de serviços de alimentos mantêm acordos para coleta do óleo usado na fritura de seus produtos, que serão destinados à fabricação de biocombustível, para serem usados em caminhões de carga. Na economia circular, chamamos isso de Logística Reversa.

As cervejarias ao redor do mundo têm investido pesadamente para reduzir o consumo de água para produção de cervejas. Em seu site, publicado em 2017, a AMBEV reporta que reduziu em 43% o consumo de água na produção de suas bebidas nos últimos 14 anos, chegando ao consumo de 3,04 litros de água para cada litro de cerveja. Pode parecer muito ainda, mas, olhando para dentro dos nossos lares, compare quanto de água gastamos para lavar um prato. Muito, não é? – Os fabricantes estão cada dia desenvolvendo novos projetos para usar menos matéria prima na fabricação dos seus produtos. Na economia circular, chamamos isso de “Redução na extração de recursos naturais”.

Outro modelo que muitas famílias estão adotando é o consumo responsável de bens de consumo e alimentos. Já é comum, famílias planejarem compras menores para reduzir o desperdício de alimentos, aumentarem o tempo de troca de vários bens e fazer compras de bens ambientalmente sustentáveis. Seguramente, vários leitores deste artigo têm seus próprios exemplos. Na economia circular, chamamos isso de Economia Consciente.

Pequenas e médias empresas muitas vezes estão focadas no negócio, mas devem aderir a esse movimento o mais rápido possível. A contratação de um profissional experiente pode ajudá-los numa transição ou implementação para que esse processo aumente a exposição da marca e, consequentemente, os lucros. Posso citar três exemplos de pequenas empresas que já têm práticas de economia circular; a escola de Inglês Tali & friends usa como parte da sua metodologia de ensino aulas com uso de materiais reciclados. A escola de futebol Minikraques realiza periodicamente jogos para distribuição de chuteiras doadas a comunidades carentes e, por último, a escritora e professora de natação, Ana Amaral utiliza materiais reciclados que são transformados em objetos para serem usados no ensino de natação para os pequeninos aprendizes.

De acordo com a World Wide Fund for Nature (WWF, 2012), a Terra leva um ano e seis meses para regenerar o que usamos num ano. Por isso, é urgente incorporar naturalmente atitudes em direção a equilibrar essa conta com o planeta.

Devemos aprender a viver com que a mãe natureza nos prove. Se nós cuidarmos da natureza, a natureza cuida de nós. Se nós falharmos, a natureza continuará. Nós, não.

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